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segunda-feira, 30 de março de 2009

Fotografia


A chuva ressoa por toda a parte -melodia pagã do dia!
A música preenche as lacunas da casa; a casa se mostra mais encantada do que nunca! Porém as horas teimam em passar e a imagem é a mesma... Questiono-me se ainda há beleza nessa cena...Quando pequenas poças de água se formam no meu quintal?
Às vezes, o único lugar que me encontro é no vago e discreto corredor que passa por toda a casa... As luzes que saem das portas abertas iluminam certas partes do caminho e leva à porta da saída... Então, projeto-me a favor da luz, criando uma imensa sombra e, quando começo a crer que tal sombra sou eu, ao me aproximar dela, ela vai diminuindo. A ilusão de ser grande desaba. Às mãos se encaixam perfeitamente -somos simetricamente ligados! Mas quando, em um ato sincero, corpo e sombra si tocam, percebo que ela guarda a vida que me é tirada todos os dias nas perenes gotas de chuva e na resignação que me prende a casa...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Destino


A muito procuro a recusa do encontro, as páginas são viradas pelo fluxo do vento que bate sobre o livro; um velho e grande livro... Recai, então, sobre o corpo o fatal peso das folhas mortas -a pele se ouriça a tal contato!
Desabo em sonhos de uma felicidade perene e aguda, como o vento que revira e revive as páginas já gastas do livro; olhos de um negrume celestial perpassam as imagens oníricas que possuo, são olhos tenazes...
Um pássaro anuncia o fim dos ventos que levou as nuvens para além... Além do rio, para além do próprio mar. Um gato que fora atraído pela movimentação das páginas do livro, agora cochila ou medita -não saberia dizê-lo!- plenamente com a placidez que tomou conta de tudo, após os fortes ventos!
O sol que entra pelas frestas do muro-vivo apeia-se no chão; ainda coberto de folhas secas; reavivando as cores, realçando o mosaico caprichoso que o vento deixara... A vida, em sua ânsia de propósito e histórias, deixou-me ali, esperando a próxima ventania que traria as novas nuvens; e os ventos, com uma força capaz de fazer mil naus atravessarem o oceano, derrubaria o livro (já não importando páginas do livro ou folhas do jardim, todas estariam mortas!) e acordaria o gato... Porém as folhas e eu continuaríamos ali a gastar horas e reflexões em tão familiar condição: eu criando raízes naquele lugar e as folhas servindo-me como visão do futuro impreterível...

Leitura


A cantiga parou o tempo... A paisagem dilui-se em sensações quiméricas -segredo do desespero!A senhora, macilenta, carregava contra o vento o seu guarda-chuva... A chuva não tardaria!
Olhos de gato lagrimejavam histórias e lembravam-me que são três da tarde, portanto, ainda falta um tanto para o fim... E, assim eu ia, sentado no ônibus que estava atrasado cinco minutos e acabara de queimar uma parada, deixando para trás meia dúzia de pessoas...
O dia era monocromático; o cinza imperava em todos os tons... Já não era possível pintar o dia de extremos, o branco unia-se ao preto, para forma o bizarro e frio cinza de um domingo de março...
O povo, o cheiro e a rua, todos pararam, eram como fotografias banhadas no passado... A vida, hoje, é reflexo do dia e sobre o asfalto dissolve-se, deixando sem sentido um final para tão leviano texto...

segunda-feira, 23 de março de 2009

lei do menor esforço


PARCO...
Pouco...
Oco...
Oco...